Mesmo proibido no Brasil, o uso de vape (cigarros eletrônicos) continua popular, principalmente entre os jovens. A atração pelos sabores variados e a falsa percepção de menor nocividade têm contribuído para o aumento do uso entre adolescentes, levantando alertas entre profissionais de saúde pública.
No entanto, embora a discussão sobre os riscos do vaping já tenha sido abordada diversas vezes, é fundamental reforçar os perigos associados a essa prática. Uma análise recente sobre a quantidade de nicotina nesses cigarros chamou a atenção nas redes sociais.
O médico Fred Fernandes,pneumologista com foco em Doença Pulmonar Avançada, usou seu perfil no X (antigo Twitter) para ilustrar que a quantidade de nicotina presente em um vape de 5ml equivale a 12 maços de cigarro. Ou seja, quem fuma um desses por semana está consumindo o equivalente a quase dois maços de cigarro por dia.
Nicotina “líquida” intensifica os efeitos
Em entrevista ao Terra Você, a médica pneumologista da Saúde no Lar, Michelle Andreata, explica que um maço de cigarro tradicional contém aproximadamente 20 mg de nicotina, portanto, 12 maços de cigarro equivale a 240 mg de nicotina, quase a mesma quantidade presente em um único vape. https://d-319284281333675411.ampproject.net/2406131415000/frame.html
A médica conta que a alta concentração de nicotina nos pods é projetada para proporcionar uma experiência similar ao fumo de cigarros tradicionais, mas de forma mais compacta e eficiente.
“Além disso, a nicotina em forma líquida pode ser absorvida mais rapidamente pelo organismo, intensificando os efeitos e a dependência”, diz a pneumologista.
Efeitos imediatos
De acordo com a especialista, os efeitos imediatos do consumo exagerado de nicotina incluem:
- Aumento da pressão arterial;
- Aumento da frequência cardíaca;
- Irritação das vias respiratórias;
- Dependência;
- Desconforto gastrointestinal.
O uso prolongado da nicotina ainda pode levar a doenças pulmonares, como bronquite crônica e exacerbação de asma. Sua alta dose aumenta o risco de dependência severa e pode afetar o desenvolvimento cerebral, especialmente em adolescentes e jovens adultos.
Recuperação
A médica explica que a recuperação do vício em nicotina varia de pessoa para pessoa. Os sintomas da abstinência podem começar dentro de poucas horas após o último uso e durar de uma semana a um mês.
A recuperação física pode levar de algumas semanas a vários meses para que o corpo se ajuste à ausência de nicotina. Já a recuperação psicológica pode levar mais tempo, com desejos e gatilhos persistindo por meses ou até anos.
As melhores alternativas para quem deseja diminuir o consumo de nicotina incluem terapia de reposição de nicotina, como gomas, adesivos, pastilhas e inaladores que fornecem doses controladas de nicotina, medicamentos que ajudam a reduzir os desejos e sintomas de abstinência, grupos de apoio e terapia comportamental, além da redução gradual da quantidade de nicotina consumida até a cessação completa.